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O Diário de Anne Frank

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“Não pense em mim como uma menina de 14 anos, porque todos esses problemas me fizeram crescer.”

Anne Frank foi uma garota judia e alemã que viveu no período do holocausto, ou seja, ela e sua família foi vítima da perseguição de Hitler aos judeus. Anne se mudou para o escritório onde o pai trabalhava, onde se anexou em um esconderijo com outra família e durante esse período de omissão do mundo ela escreveu um diário.

O diário foi iniciado dia 12 de junho de 1942 (pouco antes de ir para o esconderijo) – com 13 anos – e finalizado 1 de agosto de 1944. Anne faleceu em um campo de concentração antes de completar 16 anos.

Ela vai relatar como era o ambiente dentro da casa, o que eles faziam e principalmente seus pensamentos acerca de diversas situações.IMG_5016

Antes mesmo de ler o livro, me perguntava por que as pessoas se interessavam tanto por um livro escrito por uma adolescente já falecida que relatou coisas horríveis e desumanas. Então, lendo o livro, entendi que essa é uma história que não deve ser esquecida, pois não deve ser repetida.

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Anne Frank e milhares de outros judeus passaram por uma humilhação tamanha que “Os judeus só podiam fazer compras das 3 às 5 horas-e só em lojas judaicas. Não podiam sair à rua depois das oito da noite e nem sequer ficar no quintal ou na varanda. Não podiam ir ao teatro nem ao cinema, nem frequentar qualquer lugar de divertimentos. Também não podiam nadar, nem jogar tenis. ou hóquei, nem praticar qualquer outro desporto. Os judeus não podiam visitar os criStãos. As crianças judaicas eram obrigadas a frequentar escolas judaicas. cada vez saíam mais decretos… Toda a nossa vida estava sujeita a enorme pressão”.

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Folha de guarda

Diante de um ambiente com a incerteza do futuro predominando, Anne briga diversas vezes com a mãe, além de outras discussões existentes na casa.

Além de todo o contexto, Anne sofre conflitos individuais, por ter uma personalidade forte, ela diversas vezes discorda das opiniões da casa e tem seus próprios pensamentos. Reflete sobre sua sexualidade, a desigualdade de gênero, o contexto político…

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Com o passar dos anos (e dos relatos) Anne mostra um amadurecimento muito rápido, se tornando uma crítica de si mesma.

Acompanhar os relatos de Anne, é acima de tudo sofrido. Saber que não é uma história inventada torna a leitura mais sentimental do que o normal.

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Essa é uma leitura que vai além do “ler por prazer”, é um livro triste, mas que vale a pena a leitura. Vale a pena chegar o mais próximo possível de ver uma menina de 14 anos com nada além que esperança de que tudo vai dar certo. Vale a pena sair um pouco do comodismo e enxergar o mundo de uma maneira diferente.

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Anne não era escritora, era uma adolescente que tinha o sonho de publicar um livro e virar jornalista. Algumas partes mais descritivas ficam um pouco confusas, mas nada que atrapalhe a leitura.

Não tem muito o que dizer sobre esse livro, não é um livro para ser criticado ou avaliado. É um livro para ser lido, relido, pensado, refletido…

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A edição desse livro é linda. Não sei de qual material é feito o revestimento do livro, mas fica estufada e macia. A edição é uma réplica do diário original de Anne, com algumas modificações.

Anne escreveu o seu diário normal, até ouvir no rádio que relatos da época seriam transformados em livros. Então ela passou a escrever uma versão do diário, ocultando e exaltando algumas partes. Entretanto continuava a escrever o seu diário normal, a versão a. O texto presente nessa edição é mais baseado na versão b.

Além disso, o livro contém um prefácio e um posfácio contando um pouco sobre a família Frank e o que aconteceu que não está relatado no livro. Além de diversas fotos, que ajuda o leitor a reconhecer personagens e se ambientar melhor no contexto.

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Como disse, não é um livro para ser criticado, ele merece sim cinco estrelas e acima de tudo merece reconhecimento, algo faça jus a todo sofrimento passado não só por Anne e sua família, mas também por todos que sofreram com esse período histórico.

“Tenho vontade de escrever e uma necessidade ainda maior de desabafar tudo o que está preso em meu peito. ‘O papel tem mais paciência do que as pessoas.'”

“Eu poderia passar horas contando a você o sofrimento trazido pela guerra, mas só ficaria ainda mais infeliz. Só podemos esperar, com toda a calma possível, que ela acabe. Judeus e cristãos esperam, o mundo inteiro espera, e muitos esperam a morte.”

“Mas os sentimentos não podem ser ignorados, não importa que pareçam justos ou ingratos. Gostaria de andar de bicicleta, dançar, assoviar, olhar o mundo, me sentir jovem e saber que sou livre, mas não posso deixar isso transparecer. Imagine o que aconteceria se nós oito sentíssemos pena de nós mesmos ou se andássemos com a tristeza visível no rosto. O que seria de nós?”

“Fizeram questão de lembrar que somos judeus acorrentados, acorrentados num lugar, sem qualquer direito, mas com mil deveres. Devemos colocar os sentimentos de lado; devemos ser corajosos e fortes, suportar o desconforto sem reclamar, fazer o máximo possível e confiar em Deus. Algum dia essa guerra terrível vai terminar. Chegará a hora em que seremos gente de novo, e não somente judeus!”

“Vejo o mundo transformar-se, pouco a pouco, num deserto; ouço, cada vez mais forte, a trovoada que se aproxima, essa trovoada que nos há-de matar; sinto o sofrimento de milhões de seres e, mesmo assim, quando ergo os olhos para o Céu, penso que, um dia, tudo isto voltará a ser bom, que a crueldade chegará ao seu fim e que o Mundo virá a conhecer de novo a ordem, a paz, a tranquilidade. Até lá tenho que manter firme os meus ideais-talvez ainda os possa realizar nos tempos que hão-de vir.”

Ficha Técnica

Titulo: O Diário de Anne Frank (The Anne Frank Diary’s) Skoob

Autor(a): Anne Frank

Editora: Record

Páginas: 416

Estrelas: 5

Espero que tenha gostado!

Já leu? O que achou?

6 comentários em “O Diário de Anne Frank

  1. Tentei ler há muuuitos anos e desisti! Recentemente meu pai me deu um – não tão lindo quanto essa sua versão – e é uma leitura que pretendo fazer esse ano. Acho que minha idade na época influenciou para que eu não me interessasse muito…

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  2. Ué, comentei e acho que não foi 😦
    Meu comentario dizia que eu tenho uma edição que é o diário de um lado, e alguns escritos, como poemas, do outro!
    É um livro excelente, e é tão triste a forma como acaba…

    Curtido por 1 pessoa

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